Amostra do livro Entre o CEO e o Inferno

Prólogo

Monte Carlo — Principado de Mônaco

Leah

Virei a última página da Vogue e depois a joguei sobre a cama. A revista foi parar em cima da Elle, cobrindo a minha foto na capa e a frase “Assim é a top model que tem milhões de seguidores”.

Li novamente a manchete, retraindo os lábios em desagrado, um péssimo hábito que eu tinha.

— Milhões de seguidores! Ossos do ofício, meu caro Brandon — falei alto, citando o jornalista de moda que me entrevistou.

Peguei a Cosmopolitan, na qual havia mais uma reportagem de capa: “Leah Bright — A menina tímida e discreta que ganhou o Concurso da HDM Model”.

Lutei muito com meus pais para participar daquele concurso. Eles me mostravam, o tempo todo, os pontos negativos da carreira de modelo, dizendo que não era para mim. Acho até que torceram para que eu não ganhasse o concurso. No entanto, apesar de serem do contra, ganhei.

Satisfeita, estiquei as pernas sob os lençóis e comecei a folhear a revista, a qual ainda não havia lido, por falta de tempo. A entrevista foi feita por Jesse Brown, um jornalista de quem eu particularmente não gostava muito, mas que era respeitado no ramo, por ser o queridinho das modelos. Eu o achei indiscreto, com atitudes de um repórter de revista de fofoca, porque parecia disposto a descobrir algum segredo obscuro na minha vida para que pudesse contar ao mundo.

A supermodelo fala sobre sua jornada até agora

Com apenas dezenove anos e quatro de experiência no mundo da moda, Leah acumula hoje uma legião de seguidores nas rede sociais. Na escola, nunca foi muito popular, mas sempre teve bons (mas poucos) amigos íntimos.

Disse que sempre desejou ser modelo e, por isso, lutou pelo seu sonho quando os pais e o irmão mais velho não apoiaram seu desejo de participar do Concurso da Agência HDM Model, onde foi descoberta pelo nosso queridíssimo Henry DaMagio. Após vencer, Leah assinou um contrato de um ano, e de lá para cá nunca mais parou.

Quando falamos sobre namorados, sua única resposta foi um grande sorriso misterioso, o que nos faz pensar que existe alguém em sua vida, mas que ela mantém em segredo. Ficaram curiosos? Eu também!

— Vai continuar curioso, “querido” Jesse — ironizei com o jornalista indiscreto que tentou de tudo para saber da minha vida amorosa. — E eu espero que, no seu caso, a curiosidade realmente mate o gato!

Virei a página, continuando a ler a entrevista.

Carismática, sorridente, positiva e linda demais (garanto que pessoalmente impressiona mais do que nas fotos!), Leah é hoje uma das modelos mais promissoras do mundo da moda. Seu sonho agora é ser uma das Angels[1] e desfilar no Victoria’s Secret Fashion Show. E possivelmente conseguirá, pois já é presença garantida nos desfiles de algumas marcas famosas da alta-costura.

Quando eu ia virar a página, a campainha tocou. Jonathan estava na sala de estar da suíte do hotel e veria quem era, por isso nem me mexi.

Eu havia acabado de cruzar as pernas e apoiado a revista nelas quando o som de um estrondo vindo da sala me assustou. Meu coração disparou e, instintivamente, larguei a revista e olhei para a porta do quarto. Logo depois, escutei vozes masculinas exaltadas, e uma delas era do meu irmão, usando um tom cheio de raiva.

Algo estava errado. Levantei de supetão e vesti meu jeans às pressas sobre o pijama curto que usava. Estava terminando de colocar uma blusa por cima quando grunhidos e sons de luta me fizeram parar, horrorizada.

Oh, Jesus!

— Jonathan? — gritei, abrindo a porta com urgência.

Corri em direção à sala e o que vi me fez parar, chocada.

Meu irmão tinha os braços imobilizados por dois homens, enquanto um terceiro mantinha-se parado à frente dele, com os braços cruzados no peito.

Mas o que era aquilo? Um assalto dentro do hotel?

Permaneci paralisada, achando tudo surreal demais, até uma raiva enorme tomar conta de mim quando o homem descruzou os braços e deu dois socos no rosto de Jonathan e mais outro no estômago, fazendo-o curvar de dor. Aconteceu tão rápido que acho que nem pisquei, mas logo tudo ficou vermelho à minha frente, diante da raiva que senti.

Eram três contra um, mas, se dependesse de mim, seriam três contra dois!

Sem hesitar, peguei um jarro pesado sobre a mesa e me aproximei, surpreendendo a todos ao quebrá-lo com toda a força que eu tinha na cabeça do homem que atacou meu irmão. Tentei ignorar o som horrível da pancada, o qual me fez estremecer de nojo, mas a satisfação foi indescritível quando ele desabou no chão, totalmente fora de combate.

Na hora nem pensei no que aconteceria se ele morresse com um traumatismo craniano, bem no meio da sala, de tão preocupada que estava em salvar meu irmão daquele massacre.

Os outros dois homens ficaram olhando para mim e depois para o comparsa no chão, visivelmente incrédulos ante o que eu havia feito. Aqueles breves segundos foram suficientes para Jonathan livrar um dos braços e dar uma cotovelada no queixo de um deles, partindo depois para atacar o outro.

— Tranque-se no quarto, Leah! — gritou para mim, enquanto engalfinhava-se numa luta corporal violenta com o outro atacante.

Fiquei dividida, sem saber se fazia o que ele mandou ou se ficava para ajudá-lo. Mas nem tive tempo de reagir, porque o segundo homem se recuperou do golpe e veio para cima de mim com uma raiva assassina nos olhos.

Tentei fugir, mas fui agarrada violentamente pelo braço e jogada sobre o sofá. Tive a sensação de ter deslocado o ombro, por causa da força que ele usou.

Fiquei sufocada com o peso dele em cima de mim, odiando ser dominada tão facilmente.

— Solte-me! — gritei com raiva, contorcendo-me, tentando escapar.

Ouvi um rugido furioso e logo depois Jonathan passou o braço pelo pescoço dele, dando-lhe um golpe de gravata.

— Tire as mãos de cima dela! — rosnou, afastando-o de mim.

Eu me levantei rapidamente do sofá, no mesmo instante em que Jonathan o virou de frente e lhe desferiu um soco. O homem caiu para trás, sendo sustentado pelo comparsa que estava às suas costas. Ambos se desequilibraram, mas se recuperaram rápido e, de repente, estavam à nossa frente.

O que me atacou enfiou a mão por dentro da jaqueta e tirou uma espécie de punhal, cuja lâmina prateada tinha um brilho assassino.

Eu nunca havia visto uma arma igual na minha vida! Na verdade, nunca tinha vivido nada parecido com aquilo e, de uma maneira bem idiota, tentei pensar em como havíamos chegado àquela situação.

Ouvi o xingamento baixo de Jonathan, que me puxou para trás dele, enquanto o homem odioso dava um sorrisinho autoconfiante.

Meu Deus, e agora?

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