Amostra do livro Ao Teu Encontro

PRÓLOGO

Nova York

Victoria Stevens

Analisei com atenção a foto do homem arrasador à minha frente.

Muito bom. É o macho-alfa que eu preciso!

Aquele homem estava à altura de competir com Daniel, sem dúvida alguma. John trabalhou rápido e de forma eficiente, o que demonstrava estar acostumado a conseguir rapazes para os clientes dele. Em menos de uma hora, eu já tinha nas mãos um bom portfólio de modelos brasileiros para o “trabalho” que estava contratando.

Sempre fui uma mulher objetiva e certeira nas minhas escolhas. Não era à toa que hoje era a poderosa esposa de Scott Stevens. Com apenas um rápido olhar, não demorei muito para descartar os candidatos que não possuíam a força que eu precisava. Mas aquele era perfeito para a missão de seduzir Ana Cabral.

Eu já não tinha mais tempo a perder. Cada minuto a mais que Daniel passasse com aquela mulher poderia significar o afastamento total de Meghan e isso eu não ia permitir de jeito nenhum.

Agora, precisava tomar três providências importantes. Peguei o celular e liguei para o John.

— Já escolheu, meu amor?

— Já. Quero o Arthur Montenegro. — Fui direto ao ponto. — Contrate logo e deixe-o à espera de minhas orientações para agir. Conversaremos sobre os detalhes depois.

— Tudo bem. Farei isso agora.

— Estou contratando-o pelos próximos quinze dias com exclusividade. Nada de trabalhos paralelos, entendeu?

— Sim, querida. Deixe comigo.

Desliguei, ainda observando a foto de Arthur Montenegro.

Comecei a digitar, procurando o site de relacionamento onde o Daniel e a Ana se conheceram. A página inicial do famoso mensagensde@mor surgiu na tela.

Com um sorriso de satisfação, peguei o chaveiro e abri a última gaveta da minha mesa de trabalho. De dentro dela, retirei a pasta com a cópia do perfil de Ana Cabral que Deborah havia encontrado na sala de Daniel. Em poucos segundos, eu já tinha o rosto dela no monitor.

— Vadia! Está pensando que vai tirar o Daniel da minha filha? Pois se prepare para conhecer Victoria Stevens.

Criei um perfil para o Arthur no site, colocando a foto que recebi de John e escrevendo uma mensagem para Ana Cabral com um texto parecido com o que Daniel enviou para ela no primeiro contato. Era mesmo uma grande sorte que as primeiras mensagens que eles dois trocaram estivessem no material que Deborah providencialmente encontrou em uma gaveta do escritório dele.

Com aquela foto de Arthur e um texto tão apelativo, a brasileira oportunista com certeza ia querer conhecê-lo em Nova York, bem debaixo das barbas de Daniel.

Depois que preparei a armadilha, liguei para Deborah.

— Boa tarde, senhora Stevens.

— Boa tarde, Deborah. Envie para o meu e-mail a agenda de reuniões de Daniel nos próximos quinze dias.

— Mas o doutor Daniel não terá reuniões durante este período, exceto com os chineses.

Que mulher burra!

— É exatamente esta agenda em especial que eu quero.

Senti a hesitação dela, mas Deborah se recuperou rápido.

— Sim, senhora Stevens. Vou enviar agora.

Aguardei impacientemente, tamborilando as unhas na madeira da mesa. Aquela informação era crucial para o meu plano dar certo. Eu precisava saber quais eram os dias e os horários em que Ana Cabral ficaria sozinha, para que o Arthur pudesse encontrá-la.

Quando aquilo acontecesse, os dias dela ao lado de Daniel estariam contados.

***

Daniel

Aproveitei que Ana estava na cozinha ajudando Carmencita com os últimos detalhes do jantar e fui ao escritório ligar meu notebook, disposto a fechar definitivamente o perfil dela no mensagensde@mor.

Já havíamos conversado sobre o assunto e ela deixou bem claro que não fazia questão de estar presente quando eu o fechasse. Foi difícil não me sentir emocionado com a confiança que Ana depositou em mim, ainda mais depois de descobrir que a própria tia a havia enganado durante anos.

Sem perder mais tempo, abri o perfil. Logo de cara, dei com a foto dela que tanto me impressionou na primeira vez em que a vi. Abaixo, estava a descrição mais do que verdadeira.

 

“Sou sincera, carinhosa, um pouco tímida às vezes, muito amiga e romântica.”

 

E agora também é a minha mulher!

A minha primeira providência foi deletar aquela foto e limpar as demais informações de Ana. Depois, abri as mensagens para eliminar tudo.

— Maldição! Mas o que é isso?

Fiquei surpreso com a quantidade de mensagens que aguardavam por uma resposta. Eram tantos homens, que só pude agradecer a Deus o fato de ela não estar ali naquele momento vendo o trabalho que eu ia ter para excluir todos eles.

Notei que eram brasileiros, de várias idades e espalhados por diversas cidades do país. Eu até imaginava que, com uma foto daquelas, Ana receberia muitos contatos, mas nunca pensei que fossem tantos assim.

Trabalhei rápido e cheguei aos últimos candidatos em poucos minutos. Até que um deles chamou a minha atenção e hesitei na hora de deletar, pois era o único americano no meio de todos aqueles brasileiros. Coincidentemente ou não, morava em Nova York, de acordo com as informações que havia no perfil. Tinha vinte e sete anos, um metro e oitenta de altura, oitenta quilos e era empresário do ramo da moda. Dizia ser americano, mas a mãe era brasileira do Rio de Janeiro, por isso falava o português fluentemente, além de outros idiomas. A foto mostrava um homem bonito e elegantemente trajado de terno.

Um pressentimento estranho bateu no meu peito ao ler a mensagem que ele enviou para Ana.

 

“Olá, Ana. Estou encantado com o seu perfil, que mostra ser de uma mulher com qualidades difíceis de encontrar hoje em dia. Vê-se que sabe muito bem o que escolher para si mesma. Tenho a sensação de que esta sua beleza natural e sorriso cativante são apenas uma parte de você, porque seu interior é muito mais do que isso.

Gostaria de confessar uma coisa. Estou muito interessado em conhecê-la. Se você também estiver interessada em me conhecer, pode escrever para o meu e-mail amontenegro@…com.

Ass. Arthur Montenegro.”

 

Só depois que terminei de ler foi que percebi o porquê daquele pressentimento. Fui atrás das primeiras mensagens que havia no perfil de Ana, à procura da minha. Fiz uma leitura rápida dela e confirmei as minhas impressões.

Eram quase idênticas.

 

“Parabéns, Ana. Você tem um perfil muito denso, com qualidades admiráveis e raras hoje em dia. Mostra ser uma pessoa real e que sabe muito bem o que quer. Algo me diz que a beleza que vejo nesta foto é apenas um complemento do seu interior e fiquei curioso em conhecê-la. Se quiser, pode responder para mim usando o e-mail ortegad@…com.

Daniel Ortega.”

 

Voltei à mensagem do Arthur e comparei ambas. Depois, abri o perfil dele para olhar novamente a foto, daquela vez sob um outro ângulo.

Recostei-me no espaldar da poltrona, analisando aquela imagem como se fosse a prova de um crime em tribunal. Os meus instintos de advogado estavam disparados ao nível máximo com aquelas coincidências. Só que eu não trabalhava com coincidências. Na minha vida corporativa, todas as coincidências eram fabricadas.

Apertei inconscientemente o punho com força, observando a barba bem desenhada no rosto bonito e marcante dele, onde havia um olhar destinado a derreter o coração de qualquer mulher.

— Mas não o da minha mulher, porque o coração dela já é meu!

Sem pensar duas vezes, deletei a mensagem. Terminei o meu trabalho no perfil de Ana e fechei-o definitivamente!

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